Imersão
Olho minhas fotos atuais e me assusto. Envelheci muito neste último ano. As preocupações com minha família, Em função da pandemia, O medo por eles e por mim mesma, O isolamento, estão estampados em minha face. As noites mal dormidas, A tristeza, pela solidão, Estão todas gravadas na pele amassada E nos olhos cabisbaixos, quase sem expressão. Logo eu que leio muito o olhar das pessoas. O olhar não engana. É neles, nos olhos, Que descobrimos o que vai na alma de cada um. Há jovens, com olhar de velho, sem esperança, E há idosos, com intensa jovialidade no olhar. Coisa bonita é olhar maroto, brincalhão, leve, divertido. Dá prazer sentir, porque não carrega o peso dos anos, A descrença acumulada, mágoas não resolvidas. É o olhar de quem está aberto para a vida como ela se apresentar. É olhar com vida e esperança. Não apresenta a sombra de um passado nebuloso Nem a dor de sofrimento vivenciado. Há olhares ternos, resilientes, igualmente belos. Aceitação e superação estão visíveis e é bonito. Expressam tranquilidade, e, sobretudo fé. Expressam a paz da alma.
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